Loganiaceae

Strychnos atlantica Krukoff & Barneby

NT

EOO:

444.907,897 Km2

AOO:

88,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: BAHIA, municípios Almadina (Amorim 8146), Arataca (Amorim 7920), Belmonte (Belém 3228), Caetité (Mori 13486), Camacan (Rocha 1118), Ilhéus (Sant'Ana 208), Itabuna (Belém 3723), Itacaré (Carvalho 4120), Jussari (Belém 3712), Porto Seguro (Vinha 133), Santa Cruz de Cabrália (dos Santos 3012), Uruçuca (Thomas 10887); ESPÍRITO SANTO, municípios Aracruz (Pinheiro 2281), Guarapari (Assis 245), Linhares (Folli 2646), Presidente Kennedy (Gomes 4254); PARAÍBA, municípios Cabedelo (Xavier JPB1777), Santa Rita (Agra 1501); PERNAMBUCO, municípios Rio Formoso (Andrade-Lima 70-5718).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Mary Luz Vanegas León
Revisor: Patricia da Rosa
Categoria: NT
Justificativa:

Árvore de até 10 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019) é conhecida popularmente como esporão-de-galo e amora-preta. Foi registrada em Floresta Ciliar e/ou de Galeria, Floresta Ombrófila e Restinga associada à Mata Atlântica, nos estados da Bahia, Espírito Santo, Paraíba e Pernambuco Apresenta distribuição ampla, EOO= 372782 km², AOO= 88 km². A agricultura é o principal responsável pela fragmentação do habitat, nos estados da Bahia e Espírito Santo a maioria das propriedades particulares são fazendas produtoras de cacau (Alger e Caldas, 1996; Landau, 2003; Paciência e Prado, 2005) e a maior parte do CEPE foi destruída devido à conversão do solo em campos de pastagem e plantações de cana-de-açúcar (Silva e Tabarelli, 2000; 2001). Além disso a região de ocorrência da espécie apresenta intensa especulação imobiliária (Simões e Lino, 2003) e a porcentagem de Mata Atlântica original nos estados de ocorrência é de 11,1% na Bahia, 10,5% no Espírito Santo, 9,20% na Paraíba, 11,70% em Pernambuco (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Não existem dados sobre tendências populacionais, mas Strychnos atlântica é usada com fins medicinais na região Nordeste do Brasil, suas raízes e cascas do caule são empregadas no combate às febres intermitentes, diarreias e doenças ligadas ao sistema nervoso central (Basílio, et al. 2005). Diante do exposto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT), demandando ações de pesquisa (tendências e tamanho populacional) e conservação ex-situ, a fim de se garantir sua conservação na natureza.

Último avistamento: 2017
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Memoirs of The New York Botanical Garden 20(1): 61–62. 1969. É a única espécie do gênero que apresenta o tronco armado com espinhos longos retos enquanto os râmulos são providos com ganchos lenhosos semelhantes a gavinhas (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Conhecida popularmente como: Esporão-de-galo (Sant'Ana 208), amora preta (Folli 2646).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A espécie é usada com fins medicinais na região Nordeste do Brasil (Basílio, et al. 2005).

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree, bush
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ciliar e/ou de Galeria, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Restinga
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 3.5 Subtropical/Tropical Dry Shrubland
Detalhes: Árvores de 8-10 m de altura (dos Santos 3012), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na, Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Restinga (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Strychnos in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB8666>. Acesso em: 05 Set. 2019

Reprodução:

Detalhes: Foi coletada com flores em: fevereiro (Santos 3012), maio (Belém 2278), novembro (Pinheiro 2281); e foi coletada com frutos em janeiro (Belém 3228), maio (Belém 2278).
Fenologia: flowering (Fev~Fev), flowering (May~May), flowering (Nov~Nov), fruiting (Jan~Jan), fruiting (May~May)

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future regional very high
A maior parte da Mata Atlântica da região Norte do Rio São Francisco foi destruída devido a práticas agrícolas (Silva e Tabarelli, 2000,2001), que criaram uma matriz não florestal de campos de pastagem e plantações de cana-de-açúcar. De acordo com as estimativas do pesquisador M. Siitonen realizada em 1997 pela visitação da área, houve uma diminuição na área de floresta tropical ca. 10% durante os 20 anos do programa 'pró-alcool' subsidiado pelo governo que promoveu o cultivo de açúcar cana para produção de combustível à base de álcool.
Referências:
  1. Pontes, A.R.M., Normande, I.C., Fernandes, A.C.A., Ribeiro, P.F.R., Soares, M.L.S. 2006. Fragmentation causes rarity in common marmosetsin the Atlantic forest of northeastern Brazil. Biodivers Conserv 16:1175–1182.
  2. Silva, J.M.C., Tabarelli, M. 2000. Tree species impoverishment and the future flora of the Atlanticforest of Northeast Brazil. Nature 404:72–74
  3. Silva, J.M.C., Tabarelli, M. 2001. The future of the Atlantic forest in Northeastern Brazil. Conserv Biol15(4):819–820
  4. Silveira, L.F., Olmos, F., Long, A. 2003. Birds in Atlantic Forest Fragments in north-east Brazil. Cotinga, n. 20, pp. 32-46.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future regional very high
Destruição da floresta no Centro de Endemismo de Pernambuco começou há cinco séculos, impulsionado principalmente pela cana-de-açúcar plantações e usinas e pecuária (Silvia, et al. 2003; Pontes, et al. 2006).
Referências:
  1. Pontes, A.R.M., Normande, I.C., Fernandes, A.C.A., Ribeiro, P.F.R., Soares, M.L.S. 2006. Fragmentation causes rarity in common marmosetsin the Atlantic forest of northeastern Brazil. Biodivers Conserv 16:1175–1182.
  2. Silveira, L.F., Olmos, F., Long, A. 2003. Birds in Atlantic Forest Fragments in north-east Brazil. Cotinga, n. 20, pp. 32-46.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5 Biological resource use habitat past,present,future regional very high
Grande parte da fragmentação da floresta tropical provavelmente ocorreu 300 ± 500 anos atrás, pelas atividades humanas como, agricultura, pecuária, desmatamento, extração e caça espécies. A atual situação alarmante do PEC ocorreu devido à remoção da vegetação nativa (Olmos, 2005, Silveira et al., 2003a). Atualmente, existem apenas 157 áreas protegidas na região (Paula, 2012). Em comparação com outros setores da Mata Atlântica, o centro de Pernambuco é o que tem sido mais severamente impactado por seres humanos, além de ser o menos conhecido e protegido (Coimbra-Filho, Camara 1996). Os remanescentes florestais estão altamente fragmentados, e os numerosos pequenos fragmentos estão espalhados em uma matriz que certamente é prejudicial à sobrevivência deles em longo prazo, podendo levar a extinção de espécies nos remanescentes da floresta tropical (Turner et al., 1994, 1996). Tem sido demonstrado que os sérios distúrbios ambientais no CEPE levaram algumas espécies ao limite da capacidade de carga do meio ambiente, aumentando significativamente a competição por comida e território.
Referências:
  1. Ranta, P., T. Blom, J. Niemelã, E. Joensuu & M. Siitonen. 1998. The fragmented Atlantic rain forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodiversity and Conservation 7: 385–403.
  2. Turner, I.M., Tan, H.T.W., Wee, Y.C., Ibrahim, A.B., Chew, P.T., Corlett, R.T. 1994. A study of plant species extinction in Singapore: lessons for the conservation of tropical biodiversity. Conserv. Biol. 8, 705-12.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present regional very high
O CEPE possui uma longa história de fragmentação, iniciada em 1500 com o ciclo da madeira do Brasil, e posteriormente intensificada com o ciclo de exploração da cana-de-açúcar. Primeiro, a valiosa madeira do Brasil (Caesalpinia echinata) foi explorada, mas logo o uso extrativo deu lugar ao desmatamento da floresta para o cultivo de cana-de-açúcar (Prado, 1976). Os moinhos usavam madeira para energia, desflorestamento aumentou no século 19, quando maquinaria a vapor foi introduzida.
Referências:
  1. Ranta, P., T. Blom, J. Niemelã, E. Joensuu & M. Siitonen. 1998. The fragmented Atlantic rain forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodiversity and Conservation 7: 385–403.
  2. Prado, C.Jr. 1976. Historia economica do Brasil. 364 p. Editora Brasiliense.
  3. Asfora, P.H., Pontes, A.R.M. 2009. The small mammals of the highly impacted North-eastern Atlantic Forest of Brazil, Pernambuco Endemism Center. Biota Neotrop. (9): 1.
  4. Pontes, A.R.M., Normande, I.C., Fernandes, A.C.A., Ribeiro, P.F.R., Soares, M.L.S. 2006. Fragmentation causes rarity in common marmosetsin the Atlantic forest of northeastern Brazil. Biodivers Conserv 16:1175–1182.
  5. Silveira, L.F., Olmos, F., Long, A. 2003. Birds in Atlantic Forest Fragments in north-east Brazil. Cotinga, n. 20, pp. 32-46.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat past,present,future national very high
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). A espécie foi coletada numa plantação de Cacau (Belém 2278).
Referências:
  1. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  2. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  3. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  4. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  5. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Espírito Santo- 33 (ES), Território Itororó - 35 (BA) e Território Marinho - 46.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie ocorre em: PARQUE ESTADUAL PAULO CÉSAR VINHA (PI), PARQUE NACIONAL DO MONTE PASCOAL (PI), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL LAGOA ENCANTADA (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL COSTA DE ITACARÉ/ SERRA GRANDE (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE SIRINHAÉM.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural
Strychnos atlantica é empregada na medicina popular do Nordeste do Brasil com indicações terapêuticas para vários fins. Usa-se o infuso, decocto ou alcoolato das folhas e cascas do caule como depurativo, no tratamento da sífilis, segundo informações obtidas junto aos vendedores e raizeiros de plantas medicinais do Município de Santa Rita, PB. Além das indicações mencionadas, suas raízes e cascas do caule também são empregadas no combate às febres intermitentes, diarreias e doenças ligadas ao sistema nervoso central (Basílio, et al. 2005).
Referências:
  1. Basílio, I.J.L.D., Nurit, K., Agra, M.D.F., 2005. Estudo farmacobotânico das folhas de três espécies do gênero Strychnos L. (loganiaceae) do Nordeste do Brasil. Acta Farm. Bonaer.